domingo, 27 de setembro de 2009

Faz 8 meses/ 8 months

Hoje (domingo) faz 8 meses que o meu mundo desabou. Faz 8 meses que perdi o meu filho e recebi outro igual...mas diferente. Faz 8 meses que soube que o meu filho nunca iria ser autónome, casar, aborrecer-me até me saltarem os olhos ao longo da sua adolescencia, nunca iria sequer ficar chateada por ele me rasgar os livros ou desenhar em cima dos meus documentos...ou pura e simplesmente cuspir a sua sopa para a minha cara. Soube também que ele nunca me iria abraçar, chamar mamã ou dar-me beijos. Sobe que nunca iria ver o nosso desejo de ter as paredes riscadas com lapis de cera realizado...nem que o nosso Ratinho nunca iria morder as orelhas dos nossos caes.
Nos primeiros meses da sua vida, quando ainda tinha um filho "normal", eu era tão feliz! Nunca ninguem me ouviu dizer que estava cansada ou que ele era um chato. Fui trabalhar passadas 6 semanas de o Ratinho ter nascido e nunca ninguem ouviu um ai da minha boca. No trabalho tirava leite de 2 em 2 h. O Ratinho, apesar de não estar ao pé de mim, mamou leitinho da mamã até aos 6 meses (e o que eu passei para conseguir dar-lhe de mamar...). Por incrivel que pareça, ainda hoje tenho imenso leite, mas já nao tiro nem dou leitinho.

Tenho uma pergunta: será que os pais que andam por este mundo sabem o tesouro que têm nas mãos quando aquela nova vida lhes é entregue, pura, intacta, singela?

Uma das coisas que me arrependo amargamente é de, ainda antes de o Ratinho ter sido diagnosticado, ou seja, ainda quando era um menino normal, uma noite, depois de um berreiro de 4 ou 5h (não estou a exagerar...pensava que eram cólicas, mas já era uma actividade epileptica que eu nao reconhecia), que se vinha a repetir á 4 ou 5 noites, eu desesperei e, após o acomodar na sua caminha e verificar que se encontrava em segurança, saí do quarto e fui dormir para outro quarto, enquanto o meu menino gritava e chorava. Chorei até adormecer (infelizmente também preciso de dormir e, nesse dia tive que escolher: ou dormia ou tinha uma coisinha má). Até hoje tenho pesadelos com isso. Se eu soubesse que aquilo eram dores...nunca, mas nunca teria saido do lado dele.

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Today (27th) makes 8 months that Mousy was diagnosed. I remember going on the ambulance to the pediatric hospital, seeing my little boy convulsing, no one would explain to me what was going on, why did he was convulsing. Today makes 8 months that i know that my little boy will not run to me with his arms open, will huge me or kiss me...or even draw in my walls or make a river in my bathroom. The pain is just to big, ot's so hard to carry on!
But, most of all, i'm glad he is with me. Because i can give him all the love he deserves.
Unfortunately, i have some ghosts in my dreams that haunt me at night...like the times that i wasn't with him because i was too tired or because i really really really needed to sleep. Sometimes i have nightmares because of that. 

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